Tinha tudo para dar certo. Estava no meu último ano de faculdade e só me faltavam alguns meses para me tornar enfermeira. O meu sonho de anos. Deixei a casa que me viu nascer e crescer para dar asos à felicidade da minha mãe que decidira morar junto com o seu novo companheiro, o Rogério. Sabia que não era o correto mas era o certo. A felicidade da minha mãe estava em primeiro, certo? E tinha tudo para dar certo pois iria viver num conforto que nunca imaginaria viver. E sim…tinha tudo para dar certo não fosse a minha vida se cruzar com o Rafael. O meu meio-irmão. A pessoa que me detestou assim que me conheceu. Que me lançava ódio sempre que se cruzava comigo. Que não aceitava o compromisso do seu pai com a minha mãe e descarregava essa frustração em mim. Tinha tudo para dar certo não fosse eu, começar a ver que para além daquele carrasco todo, existia um lado tão frágil e sofredor que me deixava querer ir para além do permitido. Mal eu imaginava que, à medida que ia deslaçando cada nó de sofrimento dele eu estava a ligar-me cada vez mais à sua alma e a percorrer um caminho perigoso: a atração por ele. O desejo. O fascínio. A ansia de desejar o seu toque, de o sentir. De o ter. De o beijar. Tinha tudo para dar certo…até me ter apaixonado por ele.
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